terça-feira, agosto 22, 2006

O Negócio do Futuro

Puta que pariu! Peço desculpas pelo tom, mas esse é o único jeito de colocar para fora um sentimento que assola todos os cariocas e creio que também os paulistas nas grandes cidades.

Você abre as janelas da sua casa depois das 22 horas e o que vê? NINGUÉM! No máximo um carro ou outro passando pela rua! Um verdadeiro deserto! É isso no que as nossas cidades estão se transformando! A cada dia temos mais e mais aparelhos super confortáveis que nos prendem em casa, afinal, hoje temos a internet, o dvd e o serviço deliver que entrega qualquer coisa no seu endereço!

Eu acredito que nem você agüenta mais a expressão “deixar de” por causa da violência, das armas, da guerrilha instalada, da corrupção, das balas perdidas.

Ontem uma mulher que pegava a filha em uma festa, na Barra, foi atingida ao passar pela Linha Amarela na volta para casa. Ela justifica a atitude de buscar a filha usando o argumento de que “a violência está muito grande”.

Ai eu me pergunto: até quando eu vou abrir minha janela e olhar o deserto em que se tornou a minha rua?
Quantas vezes eu vou deixar de ir a uma festa?
Quantas vezes eu vou deixar de usar meu celular bonitão?
Quantas vezes eu vou deixar de comprar um carro chique?
Quantas vezes eu vou deixar de andar bem vestida quando pego o ônibus?
Quantas vezes eu vou ter de esconder minha carteira?
Quantas vezes eu vou ter de tirar meus brincos, anéis e pulseiras?
Quantas vezes eu vou ter de ficar em casa vendo DVD?
Quantas vezes eu vou ligar pra alguém de madrugada para saber se “chegou bem”?

Vou dar um conselho aos grandes empresários: ou vocês investem em segurança pública ou vocês criam uma linha de produtos que não seja de interesse dos bandidos (aqueles que ninguém vai querer te roubar)! Esse é o mercado do futuro!!!

quarta-feira, agosto 02, 2006

A vez do Reggae!

Em termos de musica eu sou bem eclética. Mas, tenho uma afeição grande pelo Reggae. E hoje vim aqui para falar dele. É extremamente impressionante como o “Armandinho” vem fazendo sucesso, principalmente aqui na cidade do Rio de Janeiro. Centenas de meninas e meninos vidrados por suas músicas! Pessoas que nem se quer sabem o que é o Reggae em sua essência.

Chama-se “Desenho de Deus” e está na boca de todo mundo! Disparou nas rádios que nunca dão espaço ao Reggae! Agora Armandinho também está mantendo sua fama pela música antiga “Ursinho de Dormir”! Ultimamente uma outra música do gaúcho está pegando uma carona” nessa onda de massificação do Reggae Pop: “Me namora”.

São letras bonitas e melodias gostosas. Mas, a grande ironia disso tudo é que um regueiro que quase ninguém conhecia, explodiu e agora as mesmas pessoas que criticam e descriminam o movimento rasta por fazer apologia às drogas (principalmente à maconha) estão por ai enchendo as bocas e cantando: “Quando Deus te desenhou, ele tava namorando...”

O Reggae é muito mais do que música, é uma terapia para a alma, para alguns, um estilo de vida, um ideal de valorização do natural, da vida, dos sentimentos mais simples (que são massacrados hoje em dia pelo consumo e pela velocidade) e mais essenciais! E, para aqueles que não gostam de Reggae por preconceito, fica um recado: vocês não gostam e não sabem apreciar a verdadeira essência da música!

Já dizia o grande Bob: “Don´t worry about a thing, cause every little thing is gonna be all right”.

“Africa, unite 'cause the children wanna come home
Africa, unite 'cause we're moving right out of Babylon
And we're grooving to our father's land”

“There's a natural mystic
Blowing through the air
If you listen carefully now you will hear
This could be the first trumpet
Might as well be the last
Many more will have to suffer
Many more will have to die
Don't ask me why
Things are not the way they used to be
I won't tell no lie
One and all got to face reality now”

“Won't you help to sing
these songs of freedom
'Cause all I ever have:
Redemption songs

Emancipate yourselves from mental slavery;
None but ourselves can free our minds.
Have no fear for atomic energy,
'Cause none of them can stop the time
How long shall they kill our prophets,
While we stand aside and look”

segunda-feira, julho 24, 2006

Ultimamente tenho me feito uma pergunta: afinal, o que é o amor? Na verdade, é melhor argüir, o que é o amor nos dias de hoje? Ando pelas ruas e vejo muitas pessoas de mãos dadas, casamentos, divórcios, beijos, abraços, etc. A rua virou o palco para o amor. Mas, a maioria dos olhos que vejo, denotam solidão, angústia e a incessante busca por achar o amor verdadeiro.

O que o mundo contemporâneo está fazendo com a gente? Por que tantas pessoas com doenças psicológicas como a síndrome do pânico? Por que tanta gente morre de infarto? São os males do século da pressa e da subjetividade, da valorização do “eu” acima do nós.

E digo mais: o amor hoje é consumido! É um produto! E não era para ser assim! É a influência do capitalismo selvagem nos nossos sentimentos. Hoje as pessoas têm diversas outras, ficam com todo mundo, mas estão sempre sozinhas, vazias, incompletas. E se já tem alguém mais sério, desejam sempre outra pessoa, mais bonita, com um corpo melhor, um jeito melhor, com cabelos diferentes, mais ricas, que mora mais perto, etc. É a lógica do consumo: querer sempre algo melhor, com mais tecnologia, mais eficaz!

Mas, no meu modo de pensar, essas pessoas não amam! Pois, quando você ama, você aceita o outro, você se torna parte dele, é intrínseco! Nem o tempo, nem outro alguém, os separará! Mas esse sentimento está extinto na nossa atual sociedade!

segunda-feira, julho 03, 2006

Você foi traído!


A Seleção Brasileira conseguiu acabar com o meu final de semana! Não só com o meu, mas creio que com o de muitos brasileiros que gastaram dinheiro e esforço enfeitando as ruas, os condomínios, as casas, fazendo churrascos, festinhas, saindo mais cedo do trabalho ou até nem indo trabalhar. Enfim, podemos ver o povo brasileiro mais unido, mesmo que fosse para pintar a rua, mais mobilizado em torno de uma causa, causa essa que perdeu, que foi esquecida pelos protagonistas que ao invés de lutarem pelo grupo, lutaram por suas causas individuais (Mas, também isso não é de todo culpa deles. Aprenderam a ser individualistas nesta sociedade capitalista que valoriza sempre o EU acima do NÓS!)

Já não bastasse chorar pela fome, pela corrupção, pelo salário mínimo, por não ter um lar, pela família, pela saúde, pela educação, e agora pelo futebol!

O domingo acordou chocho, murcho! Nas ruas, a falta de esperança, a vergonha, a desilusão, a sensação de ter sido traído! Acho que ninguém ainda acredita! Ninguém acreditou quando o juiz apitou o fim do jogo! E, que jogo foi aquele? Quem estava jogando? Porque a Seleção Brasileira que não era! Na verdade, acho que o Brasil nem foi a Copa 2006! Pelo menos eu não vi!

quinta-feira, junho 29, 2006

O Lead é uma bosta!

Todos os dias eu abro o jornal e é a mesma coisa: a porra do Lead! Não quero desmerecer esta inovação jornalística que é muito útil na velocidade em que vivemos hoje em dia (que aliás, não consigo entender o motivo de tanta pressa!), afinal ela proporciona ao leitor ter um panorama geral da notícia sem precisar lê-la por inteiro (e como no Brasil somos todos preguiçosos demais, achamos que aquela página enorme do jornal é um texto muito grande. Se não fosse o Lead ou o “Meia Hora” ou o recém lançado, “Expresso”, talvez o seu José não lesse nada!)

Mas é uma marda abrir o jornal e ler aquele texto mecânico! E é ai que eu me pergunto: Para ser jornalista precisa ser criativo com tanta técnica para se escrever? Não sou contra a técnica, pois aceito as gramaticais, mas as formais não deveriam existir!

O jornalista de verdade é um artista que sabe dar sentido e tocar as pessoas ao escrever uma notícia e não um operário do modelo fordista de produção! É, por isso que todo mundo acha que é jornalista: porque sabe escrever um lead! Quantas e quantas vezes já vi e ouvi pessoas dizendo “Ah, isso ai que você escreve qualquer um sabe fazer”. Concordo! Assim como qualquer um sabe esquentar uma comida no microondas, assim como qualquer um pode ligar um computador, assim como qualquer um pode desenhar um quadrado ou um círculo. Basta aprendera a técnica!

Saudades de meus colegas fúnebres Carlos Lacerda e até mesmo o seu arque inimigo: o Chatô! Eles não eram nem formados em jornalismo, aliás naquela época em que surgiram os chamados jornalistas de verdade, eles não eram formados em jornalismo. Eles eram, e muitos ainda o são, os jornalistas, aqueles que têm o dom, que nasceram para escrever, que fazem da informação, uma arte!

E é só por isso que eu sou fã de alguns colunistas: Jabor; Agamenon, do Casseta e Planeta; Ubaldo; Verríssimo; Zuenir; Xexéo; Pasquale; Cora Rónai; Joaquim Ferreira; entre outros. Na minha opinião eles são os jornalistas de verdade (ou os que têm esse espaço para escrever do seu estilo e não sob a técnica do lead).

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A propósito: querida amiga gê, muito obrigada pela homenagem em seu blog! Também sou sua fã!

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Bom... vou lá... vou ler!

Bjos a todos!

segunda-feira, junho 19, 2006

Acordei às 9


Acordei às 9! Liguei o celular. Era uma amiga aos prantos. A morte é uma coisa muito difícil de se entender. Na verdade, é ininteligível. É como o centro da cidade do Rio de Janeiro à noite. Um vazio, um buraco sem fim. E nada pior do que perder a mãe!

Mas, é como eu sempre digo, na vida temos contatos com pessoas o tempo todo, vivemos em sociedade (por pior que ela possa ser hoje). E, as vezes, ou quase sempre, nos esqueçemos do primordial: de que somos seres HUMANOS! Humanos e cheios de sentimentos (alguém, certa vez, disse que o sentimento é o lado irracional do homem, não é à toa que a publicidade nos seduz por esse meio e, diga-se de passagem, outras coisas e pessoas também). É banal e até muito clichê dizer isso, mas isso é substancial, pois, do contrário, vivemos por quê(já Ronaldo se perguntaria: eu jogo na seleção pra quê?), então?

Somos humanos e o mínimo que devemos fazer é isso: sermos humanos, de verdade! Espero que o pessoal do PCC ouça isso! Porque é só isso para que a nossa vida serve: para passarmos algo para alguém e irmos embora. Bussunda deixou muita alegria, descontração e funcionava, para nós telespectadores, como uma válvula de escape diante das atrocidades mostradas na tv!

Bom, que Deus esteja com todas essas pessoas maravilhosas, que nos ensinam mais e mais a cada dia!

quinta-feira, junho 01, 2006

Ler Jabor me fez pensar ...

Ler o livro de Arnaldo Jabor, “Amor é prosa, sexo é poesia” me fez voltar ao pensamentos sobre o medíocre mundo de merda em que vivemos. Sobre o consumismo, as novas tecnologias, o estresse, o corpo, a casa, a violência, o tempo, a velocidade, os velhos tempos de ditadura, a repressão, a luta por uma causa, as coisas pequenas que nos irritam no dia-a-dia, a perda dos sentidos... que aliás merece uma boa discussão, sem desmerecer os outros pontos de igual ou até maior importância.

Ahhh... como é bom voltar aos auros tempos de intelecto! Já estava sentindo falta de sentir essa pequena agonizante depressão com o mundo e a realidade! Pensar o mundo, a vida, as pessoas, os detalhes, eu sinto muito prazer nisso! Sofrer calada! Já estava me sentindo uma idiota. Fui quase que chupada pela massa. Mas ainda bem... voltei a ativa! Adoro pensar, ver as pessoas e as coisas passando pela janela do ônibus. Adoro ficar parada fitando algo ou alguém e pensando. Adoro andar na massa e poder pensá-la ao mesmo tempo.

Ontem a noite assisti um filme que mexeu muito comigo. Quase chorei. Falava da morte, amor, interesse, dinheiro e traição (detalhe que na noite anterior havia sonhado com a morte da minha querida e amada vozinha Luci). A morte (Brad Pitt) tirou férias e foi visitar um ricaço dono de uma rede de comunicação nos USA. A morte se apaixonou pela sua filha e ela pelo corpo que a morte encarnou e que ela havia conhecido pela manhã na lanchonete. No fim a morte leva o grande rico e sensato homem e devolve o corpo do amor da vida da filha. É uma lição de amor e de como lidar com a morte.

O fato é que hoje não pensamos mais (com exceção de algumas pessoas como Jabor). Tudo já vem pronto. O homem virou o próprio escravo da tecnologia que desenvolveu. Eu me pergunto: se a tecnologia foi desenvolvida para resolver os problemas, facilitar a sua vida e, consequentemente lhe deixar com mais tempo para o ócio, por que cada vez mais nos tornamos servos dela? Por que, cada vez mais, ela nos deixa menos tempo para cumprir o nosso dever de vida (acredito que a vida é feita para ser intensa e humana)? Sinto falta de ver tv depois do almoço e dormir. De estudar de tarde. De ver o sol se por na minha varanda. De esperar meus pais chegarem do trabalho. De fazer um bolo caprichado de chocolate e ver novela com minhas amigas. De fofocar sobre as pessoas na rua. Tudo isso.

Por que somos cada vez mais egoístas? Cadê o senso de comunidade, de comum, de aceitação do outro, de partilha? Será que o tempo não nos deixa tempo nem pra pensar no outro? Ou será que tudo isso é uma conseqüência da lógica pós fordista de produção?

As cidades estão cada vez mais sem beleza. Num tempo em que se fala tanto em meio ambiente, paisagismo e seus derivados o que menos se vê nas cidades é paisagem. No Rio, TUDO está poluído pela publicidade. Achei o cúmulo ir ao banheiro de um cinema e, ao secar as mãos, ver um anúncio bem ali pregado na minha cara enquanto seco minhas mãos. Será que eles não colocam toalhas de papel para secar porque aquela maquininha gera mais dinheiro em publicidade para eles? Não há como escapar.
Bom, vou voltar ao trabalho!

sexta-feira, maio 26, 2006

Maria, maria... cheia de graça?


Não adianta procurar, pois elas não estão no céu! Elas estão bem aqui, pertinho de todos nós, para a nossa infelicidade. São as duas Marias que foram notícia no Globo on line desta quarta-feira, 24 de maio.


Estou até adivinhando o que suas mães deveriam estar pensando ao verem suas filhinhas, as Marias, cometendo estas atrocidades. Uma acaba de sair da cadeia, em obediência a ordem dada pelo TRF que mais tarde foi revogada pelo STF. Acusada de formação de quadrilha, fraude em licitação e corrupção, a ex-assessora do Ministério da Saúde, Maria da Penha Lino é uma Maria diferente daquela a qual seu nome remete.


São mil ambulâncias superfaturadas em R$110 milhões que seriam vendidas as prefeituras pela empresa Planam a qual possui uma lista de pagamentos com 283 parlamentares! Isso é só a ponta da ossada que está enterrada! E pensar que “Maria” estaria envolvida nisso enquanto milhares de pessoas morrem de fome, tanto imposto, tantos hospitais passando necessidades, tantas escolas sem material e professores...


Será que os nossos parlamentares não recebem o suficiente? Bom, ta aí uma parte do dinheiro do imposto que nós pagamos! Porque a outra deve estar nas obras do governo, nas ONG´s e em políticas assistencialistas que servem de propaganda política!


Como se não bastasse, as “Marias” ao invés de defender os pobres, os doentes, agora defendem os traficantes, os bandidos! Até elas? Será que eu estou do lado errado? Será que “a parada agora é tirar um por fora”?


Maria Cristina de Souza Rachado é a (ex?) advogada do PCC que comprou uma fita gravada por Artur Vinicius Silva, ex-funcionário da Câmara dos Deputados, durante o depoimento de delegados do Deic na CPI do Tráfico de Armas. Na gravação, os delegados ameaçavam transferir os presos mais famosos do país para presídios de segurança máxima. A distribuição das informações contidas na fita levou aos ataques que vimos em São Paulo.


É impressionante como os bandidos tiveram, por alguns dias, mais poder do que o próprio governo (até porque do que a polícia já não é novidade, ou será que eles jogam no mesmo time?), do que a economia e até conseguiram impactar no capital financeiro! Fizeram, simplesmente, parar a cidade mais importante do País, uma capital mundial! Extraordinário! Estaríamos aprendendo com o Bin Ladem? Ou com os sites que ensinam táticas de guerra, atentados e até mesmo como se fazer uma bomba?


“Maria”, “Maria”... é só outro exemplo de decepção com pessoas que podiam salvar a moral e a ética e demonstrar um pouco de humanidade nesta (des) humanidade, parecem cada vez mais cuidar do seu apenas. O que é mesmo comunidade? Ah, é aquela coisa que nos associamos no Orku!

Tudo o que foi escrito aqui expressa somente a minha opinião sobre os fatos!

quinta-feira, maio 18, 2006

Tarde em Arraial


Era tarde em Arraial do Cabo. Eu, deitada no sofá, assistindo tv e ouvindo rádio ao mesmo tempo, resolvi escrever também. Estava com um bolo na garganta. E como normalmente ninguém me entende, resolvi escrever para desabafar.

" A dicotomia entre o corpo e a mente reside no fato de que o corpo é regido pelo espaço-tempo cronológico do coração, do desejo, da vontade. Daí, conclui-se que o corpo é facilmente observado, controlado. Já a mente, é nela que está a nossa liberdade."

Achei legal abrir com esse texto porque tem haver com o título do meu Blog. Obs: Não repare a foto. Fui eu mesma quem tirou.