quinta-feira, junho 29, 2006

O Lead é uma bosta!

Todos os dias eu abro o jornal e é a mesma coisa: a porra do Lead! Não quero desmerecer esta inovação jornalística que é muito útil na velocidade em que vivemos hoje em dia (que aliás, não consigo entender o motivo de tanta pressa!), afinal ela proporciona ao leitor ter um panorama geral da notícia sem precisar lê-la por inteiro (e como no Brasil somos todos preguiçosos demais, achamos que aquela página enorme do jornal é um texto muito grande. Se não fosse o Lead ou o “Meia Hora” ou o recém lançado, “Expresso”, talvez o seu José não lesse nada!)

Mas é uma marda abrir o jornal e ler aquele texto mecânico! E é ai que eu me pergunto: Para ser jornalista precisa ser criativo com tanta técnica para se escrever? Não sou contra a técnica, pois aceito as gramaticais, mas as formais não deveriam existir!

O jornalista de verdade é um artista que sabe dar sentido e tocar as pessoas ao escrever uma notícia e não um operário do modelo fordista de produção! É, por isso que todo mundo acha que é jornalista: porque sabe escrever um lead! Quantas e quantas vezes já vi e ouvi pessoas dizendo “Ah, isso ai que você escreve qualquer um sabe fazer”. Concordo! Assim como qualquer um sabe esquentar uma comida no microondas, assim como qualquer um pode ligar um computador, assim como qualquer um pode desenhar um quadrado ou um círculo. Basta aprendera a técnica!

Saudades de meus colegas fúnebres Carlos Lacerda e até mesmo o seu arque inimigo: o Chatô! Eles não eram nem formados em jornalismo, aliás naquela época em que surgiram os chamados jornalistas de verdade, eles não eram formados em jornalismo. Eles eram, e muitos ainda o são, os jornalistas, aqueles que têm o dom, que nasceram para escrever, que fazem da informação, uma arte!

E é só por isso que eu sou fã de alguns colunistas: Jabor; Agamenon, do Casseta e Planeta; Ubaldo; Verríssimo; Zuenir; Xexéo; Pasquale; Cora Rónai; Joaquim Ferreira; entre outros. Na minha opinião eles são os jornalistas de verdade (ou os que têm esse espaço para escrever do seu estilo e não sob a técnica do lead).

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A propósito: querida amiga gê, muito obrigada pela homenagem em seu blog! Também sou sua fã!

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Bom... vou lá... vou ler!

Bjos a todos!

segunda-feira, junho 19, 2006

Acordei às 9


Acordei às 9! Liguei o celular. Era uma amiga aos prantos. A morte é uma coisa muito difícil de se entender. Na verdade, é ininteligível. É como o centro da cidade do Rio de Janeiro à noite. Um vazio, um buraco sem fim. E nada pior do que perder a mãe!

Mas, é como eu sempre digo, na vida temos contatos com pessoas o tempo todo, vivemos em sociedade (por pior que ela possa ser hoje). E, as vezes, ou quase sempre, nos esqueçemos do primordial: de que somos seres HUMANOS! Humanos e cheios de sentimentos (alguém, certa vez, disse que o sentimento é o lado irracional do homem, não é à toa que a publicidade nos seduz por esse meio e, diga-se de passagem, outras coisas e pessoas também). É banal e até muito clichê dizer isso, mas isso é substancial, pois, do contrário, vivemos por quê(já Ronaldo se perguntaria: eu jogo na seleção pra quê?), então?

Somos humanos e o mínimo que devemos fazer é isso: sermos humanos, de verdade! Espero que o pessoal do PCC ouça isso! Porque é só isso para que a nossa vida serve: para passarmos algo para alguém e irmos embora. Bussunda deixou muita alegria, descontração e funcionava, para nós telespectadores, como uma válvula de escape diante das atrocidades mostradas na tv!

Bom, que Deus esteja com todas essas pessoas maravilhosas, que nos ensinam mais e mais a cada dia!

quinta-feira, junho 01, 2006

Ler Jabor me fez pensar ...

Ler o livro de Arnaldo Jabor, “Amor é prosa, sexo é poesia” me fez voltar ao pensamentos sobre o medíocre mundo de merda em que vivemos. Sobre o consumismo, as novas tecnologias, o estresse, o corpo, a casa, a violência, o tempo, a velocidade, os velhos tempos de ditadura, a repressão, a luta por uma causa, as coisas pequenas que nos irritam no dia-a-dia, a perda dos sentidos... que aliás merece uma boa discussão, sem desmerecer os outros pontos de igual ou até maior importância.

Ahhh... como é bom voltar aos auros tempos de intelecto! Já estava sentindo falta de sentir essa pequena agonizante depressão com o mundo e a realidade! Pensar o mundo, a vida, as pessoas, os detalhes, eu sinto muito prazer nisso! Sofrer calada! Já estava me sentindo uma idiota. Fui quase que chupada pela massa. Mas ainda bem... voltei a ativa! Adoro pensar, ver as pessoas e as coisas passando pela janela do ônibus. Adoro ficar parada fitando algo ou alguém e pensando. Adoro andar na massa e poder pensá-la ao mesmo tempo.

Ontem a noite assisti um filme que mexeu muito comigo. Quase chorei. Falava da morte, amor, interesse, dinheiro e traição (detalhe que na noite anterior havia sonhado com a morte da minha querida e amada vozinha Luci). A morte (Brad Pitt) tirou férias e foi visitar um ricaço dono de uma rede de comunicação nos USA. A morte se apaixonou pela sua filha e ela pelo corpo que a morte encarnou e que ela havia conhecido pela manhã na lanchonete. No fim a morte leva o grande rico e sensato homem e devolve o corpo do amor da vida da filha. É uma lição de amor e de como lidar com a morte.

O fato é que hoje não pensamos mais (com exceção de algumas pessoas como Jabor). Tudo já vem pronto. O homem virou o próprio escravo da tecnologia que desenvolveu. Eu me pergunto: se a tecnologia foi desenvolvida para resolver os problemas, facilitar a sua vida e, consequentemente lhe deixar com mais tempo para o ócio, por que cada vez mais nos tornamos servos dela? Por que, cada vez mais, ela nos deixa menos tempo para cumprir o nosso dever de vida (acredito que a vida é feita para ser intensa e humana)? Sinto falta de ver tv depois do almoço e dormir. De estudar de tarde. De ver o sol se por na minha varanda. De esperar meus pais chegarem do trabalho. De fazer um bolo caprichado de chocolate e ver novela com minhas amigas. De fofocar sobre as pessoas na rua. Tudo isso.

Por que somos cada vez mais egoístas? Cadê o senso de comunidade, de comum, de aceitação do outro, de partilha? Será que o tempo não nos deixa tempo nem pra pensar no outro? Ou será que tudo isso é uma conseqüência da lógica pós fordista de produção?

As cidades estão cada vez mais sem beleza. Num tempo em que se fala tanto em meio ambiente, paisagismo e seus derivados o que menos se vê nas cidades é paisagem. No Rio, TUDO está poluído pela publicidade. Achei o cúmulo ir ao banheiro de um cinema e, ao secar as mãos, ver um anúncio bem ali pregado na minha cara enquanto seco minhas mãos. Será que eles não colocam toalhas de papel para secar porque aquela maquininha gera mais dinheiro em publicidade para eles? Não há como escapar.
Bom, vou voltar ao trabalho!